Relatório do Cerest aponta aumento dos acidentes de trabalho no Virvi Ramos (Caxias do Sul)

Documento entregue ao MPT e ao hospital mostra, também, déficit de profissionais e inconsistências na gestão da saúde do trabalhador

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     Foi de 5,5% o aumento, em 12 meses, do total de acidentes de trabalho no Hospital Virvi Ramos (HVR), em Caxias do Sul. A revelação consta do Relatório de Vigilância em Ambiente de Trabalho entregue, nesta semana, ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e à Associação Cultural e Científica Virvi Ramos (ACCVR), mantenedora do HVR. O documento foi produzido pelos Centros Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerests) de Caxias do Sul (Serra), Palmeira das Missões (Macronorte) e Santa Cruz do Sul (Vales), integrantes da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador no Rio Grande do Sul (Renast-RS). O relatório resulta da sétima operação da força-tarefa de adequação das condições de saúde e segurança no trabalho em hospitais no Rio Grande do Sul, realizada de 21 a 25 de agosto.

     Foram registrados 34 acidentes de trabalho desde a última inspeção realizada, compreendendo o período de 6 de setembro de 2016 a 18 de agosto de 2017. Destes, aconteceram 22 acidentes com exposição à material biológico, 10 acidentes de trabalho típicos, 2 acidentes de trajeto, 1 acidente relacionado à violência interpessoal e 1 contaminação intra-hospitalar por tuberculose. Não foi apresentada notificação ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 1 caso de acidente de trabalho típico. Também não foi apresentada investigação em 1 caso de exposição à material biológico, em que envolvia aluno da Faculdade Fátima, o qual ocorreu no próprio Hospital. Em comparação com a última inspeção realizada em 2016, houve aumento significativo de acidentes típicos, como impacto contra objetos ou quedas.

     Quase 50% dos acidentes de trabalho concentram-se em no Setor 200 e Bloco Cirúrgico, com proporção de 25% e 22,2% respectivamente. Nestas duas unidades, os profissionais estão mais expostos a acidentes, tanto com exposição à material biológico, como acidentes típicos. Cerca de 61% dos acidentes de trabalho ocorreram entre profissionais técnicos de enfermagem.

     O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) apresentado pela instituição é o mesmo da vistoria anterior, portanto, persistindo as mesmas condições já apontadas no relatório anterior. O programa apresentado abrange diversos estabelecimentos em um único documento, tais como hospital, faculdade, entre outros, contrariando ao estabelecido pela Norma Regulamentadora (NR) a qual indica que as ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa. O programa apresentado não possui ainda planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma, assim como não há no PPRA apresentado metodologia para avaliação da eficácia das medidas propostas pelo programa.

     Nas atas da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), existem deficiências importantes que tornam impossível afirmar que a referida comissão cumpre integralmente suas obrigações, colaborando para a formação de ambiente de trabalho mais seguro e saudável.

     Na Unidade de Saúde Mental, no Setor 200 e no Ambulatório de Pronto Atendimento exite déficit de 6 enfermeiros e de 3 técnicos de enfermagem em cada um dos três setores. Foi constatado, ainda, que recipientes de descarte de perfurocortantes estavam com preenchimento acima do limite na sala de emergência e na de coleta de exames. No setor 300, faltam 1 enfermeiro e 5 técnicos de enfermagem. No Setor 400, 3 enfermeiros. Na Agência Transfusional, 2 técnicos de enfermagem. No Bloco Cirúrgico e Sala de recuperação Pós-Anestésica (SARE), no período entre 22h30min e 7h, o setor fica sob supervisão do enfermeiro do CTI adulto ou de outro setor que estiver mais tranquilo, sem escala definida. As enfermeiras constam em ambas escalas, Bloco Cirúrgico e SARE, sem definição de setor para cada uma.

     O Relatório também analisa a gestão da saúde do trabalhador e indica diversos problemas verificados in loco e relatados pelos trabalhadores no Bloco Cirúrgico, Sala de Recuperação (SARE), Setor 200 SUS, Unidade de Saúde Mental SUS, UTI Adulto, UTI Neo, Farmácia Interna, Centro de Materiais Esterilizados  (CME), Setor 300, Setor 400 e SESMT. Os dois últimos Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSOs) analisados não descrevem características da empresa e possíveis impactos à saúde dos trabalhadores, não apresentam dados epidemiológicos, não estabelecem prioridades, não desenvolvem abordagens acerca dos riscos ambientais descritos no PPRA, e não estabelecem medidas a serem adotadas nos casos de alterações nos exames clínicos e complementares.

     O relatório foi assinado pela fonoaudióloga Nicieli Granella Sguissardi (coordenadora do Cerest/Serra), a fisioterapeuta Ida Marisa Straus Dri, a enfermeira Danusa Santos Brandão, a técnica de Enfermagem Rejane Fátima Rech e os técnicos em segurança do trabalho Ben Hur Monson Chamorra (os cinco de Caxias do Sul) e Paulo Ivonir Machado Costa (Palmeira das Missões), mais a médica Adriana Skamvetsakis (Santa Cruz do Sul).

Clique aqui para acessar a íntegra do relatório.

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Texto e fotos: Flávio Wornicov Portela (reg. prof. MT/RS 6132)
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