Participação do CREA na força-tarefa dos frigoríficos qualifica investigações do MPT

Órgão participou de 14 operações em dois anos; termo de cooperação técnica prevê atuação conjunta em outros projetos

     Com termo de cooperação técnica, firmado em março de 2015, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (CREA-RS) formalizou parceria com o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS). Os órgãos já desenvolviam projetos conjuntos, especialmente a força-tarefa estadual que investiga o meio ambiente de trabalho dos frigoríficos gaúchos. Desde o início do projeto, em 2014, o CREA participou de 14 operações conjuntas.

Melvis Barrios Junior
Melvis Barrios Junior

Rogério Uzun Fleischmann
Rogério Uzun Fleischmann

    De acordo com o procurador-chefe adjunto do MPT-RS, Rogério Uzun Fleischmann, o apoio técnico do CREA e de outros órgãos especializados soma-se aos esforços da divisão de perícia do MPT-RS e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “Com esta articulação, estamos agregando estes parceiros nesta função pericial”, explica ele. “Tanto as atuações por projeto quanto as atuações em procedimentos investigatórios demandam subsídio técnico. Na atuação por projetos, os entes parceiros articulam-se, cada um com suas atribuições e conhecimentos, buscando o seu objetivo comum que é a saúde e segurança no trabalho”. Com os relatórios elaborados por cada órgão, o procurador responsável pela investigação é capaz de reunir um retrato minucioso das condições trabalhistas em determinado local.

     O presidente do CREA-RS, Melvis Barrios Júnior, explica que a cooperação técnica é igualmente vantajosa para o CREA em sua atividade-fim, a fiscalização do exercício profissional de engenheiros e agrônomos. “A fiscalização conjunta é extremamente importante neste objetivo por dois aspectos: em primeiro, por gerar uma melhor qualificação das empresas e dessa forma, estimular o mercado de trabalho, já que detecta atividades onde é necessário a presença de um profissional engenheiro”, explica. “O segundo aspecto é o mapeamento das necessidades profissionais dentro das empresas, ao se verificar se as condições de trabalho são as necessárias para que os funcionários desempenhem suas funções de forma segura”.

     As indicações do CREA e órgãos da força-tarefa, por exemplo, levaram muitos dos frigoríficos investigados a aumentar suas equipes técnicas, avaliadas como insuficientes. “A presença de um engenheiro em uma determinada atividade gera um melhor desempenho e uma melhor qualidade de trabalho dentro da empresa”, resume Melvis. “Além disso, por operar em todo o Estado, este projeto conjunto tem gerado a necessidade de um constante treinamento e aperfeiçoamento do nosso corpo de fiscais. Essa melhoria, que vem acontecendo de forma constante, é uma consequência. Essa cooperação tem permitido que a fiscalização do Conselho consiga atingir locais que antes eram praticamente inacessíveis pelas dificuldades e barreiras impostas pelas empresas. Outro aspecto, que para nós se faz importante, é o desdobramento que esta cooperação acaba gerando. Por parte das empresas, percebemos uma melhora significativa no desempenho da cadeia produtiva e de contratação”.

     A ação fiscal do CREA nos frigoríficos, explica o gestor de fiscalização do CREA, Marino Greco, se concentra nas atividades técnicas que fazem parte da legislação e normativas que envolvem as Câmaras Especializadas de Engenharia de Segurança do Trabalho, Industrial, Química, Elétrica e Civil. Atenção especial é dada às atividades técnicas envolvidas na implementação das Normas Regulamentadoras (NRs) nº 9, 10, 12, 13, 33, 35 e 36, as quais determinam as medidas de controle e sistemas preventivos que garantem a saúde e integridade física dos trabalhadores, bem como previnem os acidentes e doenças ocupacionais.

     Algumas das irregularidades encontradas pelo CREA em 14 frigoríficos inspecionados são, além da falta de responsáveis técnicos, falhas no prontuário de instalações elétricas, contratos e documentos das manutenções mecânicas e elétricas, aterramento de máquinas, plano de manutenção preventiva e corretiva de máquinas e equipamentos e projeto de linha de vida e ponto de ancoragem. Após a análise da documentação que é apresentada pelos estabelecimentos, por solicitação do MPT, novas fiscalizações podem ser realizadas pelo CREA na empresa ou em suas terceirizadas.

Procuradores Fabiano (E) e Rogério (D) firmam acordo com presidente do CREA-RS, Melvis Barrios Junior
Procuradores Fabiano (E) e Rogério (D) firmam acordo com presidente do CREA-RS, Melvis Barrios Junior


Apoio nas investigações

     Segundo o procurador-chefe adjunto Rogério, a parceria com o CREA se estenderá além da área dos frigoríficos. O termo prevê a participação conjunta dos dois órgãos em outras ações, inclusive em investigações de escopo mais pontual. “No que diz respeito à instrução de procedimentos investigatórios, a articulação acontece para que o MPT possa valer-se dos conhecimentos e funcionalidades dos órgãos parceiros para subsidiar investigações, visando instruí-las para chegar à verdade real sobre as condições de saúde e segurança em estabelecimentos específicos”, explica Rogério.

     Está prevista a solicitação ao CREA, por parte do MPT, de fiscalizações que tenham como foco máquinas, caldeiras e vasos de pressão, Planos de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCIs), Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRAs) e construção civil. O CREA-RS conta com 44 inspetorias no Estado, o que aumenta a capacidade de investigação e resposta do MPT, que conta com setor de perícia apenas na Capital do Estado.

     “A visibilidade das ações conjuntas do CREA-RS e do MPT-RS têm possibilitado maior conhecimento por parte da sociedade e empresas das atividades e das áreas fiscalizadas pelo Conselho”, avalia Melvis. “Nesse contexto, essas ações geram credibilidade e, pelo benefício social que elas têm demonstrado, contribuem de forma decisiva para que o CREA-RS melhore a execução da sua missão legal: a de fiscalização do mercado profissional para a proteção da sociedade”.


Leia mais sobre a atuação do CREA na força-tarefa em nosso arquivo:

16/9/2015 - Força-tarefa do MPT vistoria frigorífico Apebrun, em Vacaria
9/9/2015 - Força-tarefa do MPT investiga Frigorífico Chesini, em Farroupilha
13/8/2015 - Força-tarefa do MPT soluciona graves riscos aos trabalhadores em máquinas na JBS de Frederico Westphalen
11/8/2015 - Força-tarefa do MPT investiga meio ambiente do trabalho na JBS de Frederico Westphalen
27/7/2015 - Fiscalização do CREA-RS apresenta relatório sobre atividades técnicas no frigorífico Alibem, em Santo Ângelo
16/7/2015 - MPT flagra irregularidades em frigorífico de Paverama
24/6/2015 - MPT inspeciona frigorífico Alibem, em Santo Ângelo
12/5/2015 - Força-tarefa MPT/MTE investiga meio ambiente do trabalho no Marfrig de Bagé
20/3/2015 - Risco aos trabalhadores interdita Frigorífico Silva, em Santa Maria
18/12/2014 - Interditado frigorífico JBS em Passo Fundo
18/9/2014 - Força tarefa interdita parte de frigorífico em Nova Araçá
28/8/2014 - Interditadas máquinas do frigorífico Languiru, em Westfália
1º/8/2014 - Frigorífico Frinal/JBS em Garibaldi firma acordo de adequação
18/7/2014 - Acordo inédito reduzirá ritmo de trabalho no frigorífico BRF em Marau
12/6/2014 - Interditados processos do frigorífico Agrosul, de São Sebastião do Caí
11/4/2014 - Minuano, de Lajeado, recebe 54 autos de infração

Fotos: Flávio Wornicov Portela (slideshow) e divulgação CREA-RS e MPT-RS (restantes)
Texto: Luis Nakajo (analista de Comunicação)

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Tags: Setembro

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