Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos visita assentamento Nova Santa Rita
Representantes da entidade estiveram em assentamento na Região Metropolitana em que famílias foram afetadas por deriva de agrotóxicos em propriedade vizinha
Representantes do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (FGCIA) estiveram na tarde do dia 22 de março, segunda-feira, no Assentamento Santa Rita, em Nova Santa Rita, para conversar com os produtores do local. Em novembro do ano passado, cerca de 20 famílias do assentamento tiveram perdas em suas lavouras, que produzem gêneros com certificação orgânica, devido à pulverização aérea com agrotóxico realizada na área de outro produtor, vizinho ao assentamento.
“Essas famílias foram fortemente atingidas pela deriva de pulverizações aéreas realizadas em área próxima, deriva essa que causou sérios danos pessoais e econômicos. O Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos apoia as famílias lesadas, está acompanhando as investigações e seguirá buscando soluções para a defesa da agroecologia, para que fatos como esse não se repitam – comentou a coordenadora adjunta do FGCIA, a procuradora da República Ana Paula Carvalho de Medeiros.
Os moradores também denunciaram recentemente que, mesmo após a proibição da pulverização aérea determinada por uma decisão da 9ª Vara Federal de Porto Alegre, os sobrevoos continuaram a ser feitos. O FGCIA esteve no assentamento para apoiar os produtores vítimas da deriva e obter um quadro geral do andamento da questão.
"O Consea-RS vem acompanhando os recorrentes casos de contaminação por deriva de agrotóxicos em área de produção agroecológica na perspectiva da busca de um ordenamento ambiental em que garanta a produção de alimentos saudáveis, lamentamos o ocorrido mais recente, esperamos justiça e nos solidarizamos às famílias", afirmou o presidente da seção regional do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Juliano de Sá.
O FGCIA é uma iniciativa multidisciplinar que reúne entidades como o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público Estadual (MP/RS) para diminuir os efeitos danosos de produtos agrotóxicos para a população e os recursos naturais. A comissão que visitou o Assentamento Nova Santa Rita foi guiada por servidores da Secretaria Municipal de Saúde de Nova Santa Rita e era composta ainda pelo secretário da instituição, Romulo Oliveira, e pelo engenheiro agrônomo e ex-presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) Leonardo Melgarejo, também coordenador-adjunto do Fórum:
"É assustador o que esta ocorrendo com aquelas familias. Ali, o direito constitucional de produzir alimentos sem o uso de veneno, está sendo impedido. O direito de respirar com segurança, no proprio pátio, de beber agua limpa, na propria fonte, tambem estao comprometidos. Pensem no estresse daquelas familias. Que vida é esta, e por que isso acontece? Porque somos omissos como sociedade e ali estamos permitindo que os direitos humanos, os direitos à vida, se façam ameaçados. É preciso impor limitacoes aos responsaveis por este drama. Acolher os agricultores afetados e eliminar o mau exemplo dos que os estao ameaçando. A Agapan tem como lema "A vida sempre em primeiro lugar", e por isso está e estará ao lado das familias de Nova Santa Rita, nesta luta desigual." - declarou Melgarejo.
Texto: Carlos André Moreira (reg. prof. MT/RS 8553)
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