Parceria entre MPT e MPF viabiliza compra de terra para a Aldeia Indígena Guarani Tekoá Pyau, em Santo Ângelo
Atuação conjunta entre MPT e MPF possibilitou a aquisição de 15 hectares de terra localizada na colônia Buriti
Uma atuação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério Público Federal (MPF) de Santo Ângelo (RS), os quais com a chancela do Poder Judiciário destinaram recursos vinculados a ações em trâmite junto à Vara do Trabalho de Santo Ângelo e à 2ª Vara Federal de Santo Ângelo, possibilitou a aquisição de 15 hectares de terra localizada na colônia Buriti, município de Santo Ângelo, para a instalação da Aldeia Indígena Guarani Tekoá Pyau, a qual se encontra provisoriamente em terreno cedido pela Prefeitura na localidade da Barra do São João.
A demanda da comunidade indígena iniciou em 2014, após reuniões e pedidos encaminhados ao MPT e ao MPF, no intuito da obtenção de recursos para aquisição de uma área maior para instalação definitiva da Aldeia Guarani, formada por aproximadamente 10 famílias, cerca de 35 pessoas.
Após a solicitação da comunidade indígena, instaurou-se um inquérito civil (IC) na Procuradoria da República de Santo Ângelo com o objetivo de acompanhar as medidas a serem tomadas pelos órgãos e instituições competentes para reconhecer a área da comunidade Guarani de Santo Ângelo como terra indígena. Nesse expediente, constatou-se que o local cedido pela Prefeitura aos indígenas era insuficiente para que ali se estabelecessem em definitivo, em razão da limitação do espaço para implantação de ações de subsistência e manutenção de sua cultura.
Diante dessa constatação, a Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Cidadania de Santo Ângelo foi provocada e, juntamente com a comunidade indígena, encaminhou ao MPT e ao MPF projeto contemplando a possível aquisição de uma área de terra que possibilitasse a geração de trabalho e de renda para os referidos indígenas, instalando-se ali a Aldeia Guarani Tekoá Pyau.
Com base nesse projeto, os próprios indígenas escolheram uma área adequada à manutenção de sua cultura, a qual foi adquirida por R$ 130 mil – R$ 100 mil destinados pelo MPT e R$ 30 mil pelo MPF - pela Associação Guarani Tekoá. Tais valores são originários de multas e indenizações aplicadas por esses órgãos de proteção da ordem jurídica. O projeto contou com o reconhecimento da FUNAI e com o apoio ativo da Secretaria Municipal de Assistência Social.
O pagamento da terra e assinatura da escritura pelos proprietários e representantes da associação indígena foi realizado na segunda-feira, dia 5/10. Na referida escritura consignou-se que a fração de terras deverá ser usada exclusivamente pelos indígenas, para viver e cultivar produtos para subsistência da comunidade, vedada a venda e/ou arrendamento para terceiros, incidindo sobre a área, no que cabível, as previsões do art. 231 da Constituição Federal e da legislação indigenista.
A mudança da aldeia para a localidade será feita com apoio da Secretaria de Assistência Social, que também ficará responsável pelo acompanhamento e implantação das ações descritas no projeto, como a plantação de ervas, criação de animais domésticos e produção de artesanato indígena.
Segundo o procurador do Trabalho, Itaboray Bocchi da Silva, “trata-se de ação de acentuada relevância social, sobretudo se se considerar o papel do índio na formação do povo missioneiro. Trata-se de oportunidade ímpar de reconhecer a contribuição histórica dos guaranis para a região e assegurar que, no futuro, tenham condições de trabalhar e manterem vivas a cultura e a tradição dessa raça que tanto marcou a formação do brasileiro”.
Já para o procurador da República, Osmar Veronese, “essa atuação visa resgatar uma parcela da dívida histórica que a região possui com os Guaranís, propiciando-lhes um local digno para que possam preservar sua cultura e desenvolver atividades autossustentáveis”. Além disso, destacou que “a ocupação desse torrão de chão facilitará o reconhecimento dessa terra como área indígena, pela FUNAI, viabilizando a implementação de políticas públicas”.
Para o cacique da aldeia, Anildo Romeu, “a instalação dos guaranis nessa área de terras trará inúmeros benefícios para a comunidade indígena, pois possibilitará o cultivo de várias espécies para subsistência do grupo, como erva mate, mandioca, milho, entre outros, além da existência de matéria-prima para confecção do artesanato indígena. Destacou o fato de a área ser banhada pelo rio Ijuí o que possibilitará aos índios explorar a pesca e também servir como um local de lazer para as crianças da aldeia”.
Com informações da Assessoria de Comunicação Social da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul
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