Ex-alunas do Projeto Pescar passam no vestibular e ingressam na UFRGS e no Instituto Federal
Estudantes tiveram aulas com o projeto nos anos de 2020, 2021 e 2022
Três jovens participantes de turmas recentes do Projeto Pescar da Comunidade Jurídico-Trabalhista conquistaram vaga no ensino superior no início deste ano. Ana Julia da Silva Mendes (18 anos) e Lívia Santos de Lima (20) vão estudar, respectivamente, Direito e Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Kalyta Antônia Amaral Terra Varela (18), por sua vez, ingressará no curso Técnico em Administração do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Elas frequentaram o curso do Projeto Pescar em diferentes turmas, nos anos de 2020, 2021 e 2022, e acreditam que o Projeto teve muita importância na aprovação no vestibular.
O Projeto Pescar da Comunidade Jurídico-Trabalhista é uma parceria da Fundação Projeto Pescar com várias instituições da Justiça do Trabalho, entre elas o Ministério Público do Trabalho (MPT-RS).
Apesar das dificuldades do ensino a distância, imposto pela pandemia nos dois primeiros anos do ensino médio, Ana Julia conta que conseguiu conciliar trabalho e estudos na sua preparação para o vestibular em 2022, já no último ano da escola. "Eu estudava de manhã, trabalhava à tarde, e à noite fazia a preparação para o vestibular, graças ao cursinho gratuito Emancipa, que valeu muito a pena ter feito", recorda.
Lívia também começou sua preparação em março de 2022 e chegou ao final do ano bastante cansada, com ansiedade e com vontade de desistir. Mesmo com o esforço empreendido durante o ano, ainda não conseguia confiar que passaria no vestibular da UFRGS, mas optou por ir até o final por ter o costume de concluir tudo que se propõe a fazer.
Com planejamento e utilizando-se da internet para estudar, Kalyta também levou muito a sério a sua preparação. A partir da experiência, ela indica algumas estratégias para obter sucesso no vestibular: "Criar um cronograma de estudos, reservar um dia da semana para revisar o que já foi estudado, para evitar esquecimentos, fazer simulados na internet e seguir perfis em redes sociais que falam sobre estudos e preparação", pontua.
Experiência no Pescar
As três graduandas afirmam que frequentar o curso do Projeto Pescar foi fundamental para a obtenção da vaga no ensino universitário. "Quando o educador André Cintra falava que ex-alunos do Pescar estavam entrando na universidade eu achava aquilo um sonho distante. Mas tínhamos aulas sobre diversas áreas do Direito, e foi isso que despertou meu interesse pela faculdade", conta Ana Julia. "No início do curso eles sempre dizem para agarrarmos todas as oportunidades. Foi o que eu fiz quando tive a indicação de uma voluntária para um estágio na Polícia Civil. Lá me apaixonei por Direito Penal", revela.
Lívia também considera que a participação no Pescar foi um marco em sua vida. "Foi no Pescar que eu descobri e aprimorei meu potencial em áreas para as quais e eu jamais pensei ter vocação", afirma. "Quando entrei no projeto, eu não tinha muita perspectiva de futuro, não sabia o que queria fazer, não sabia que direção seguir e quando eu saí, estava extremamente focada no sonho do curso superior, porém para Psicologia", relembra. Com as aulas, ela acabou mudando o foco, porque descobriu habilidades de socialização e de cuidado com as pessoas, e encontrou no curso de Ciências Sociais uma possibilidade de contribuição para o futuro da sociedade.
A confiança depositada nos alunos por parte dos voluntários e educadores sociais do Projeto transmitiu a sensação de capacidade e energia para Kalyta. "Ao mesmo tempo em que o Projeto confia e te deixa confiante, ele também dá amparo e discernimento para entender que 'se não der certo, tudo bem, é só tentar de novo', e que eles estarão ali para te abraçar", rememora. "Como o Pescar trabalha muito o coletivo, os colegas acabam abraçando a ideia junto, incentivando, lembrando sempre que tu é capaz, dividindo dicas de estudo e até mesmo indicando cursinhos gratuitos", relembra.
Planos para o futuro
Passada a etapa da preparação, com papel relevante do Projeto Pescar nas trajetórias das agora universitárias, restam as expectativas de cada uma para os cursos escolhidos. No caso de Ana Julia, o estágio obtido por indicação de uma voluntária do Projeto vai render não apenas o ingresso no curso de Direito, mas provavelmente também uma profissão para o futuro. "Espero aprender sobre todas as áreas do Direito o máximo possível e estudar bastante pra ser aprovada na OAB. Depois de formada, pretendo prestar concurso para a Polícia Civil para ser delegada", revela.
Ser uma cientista social é uma meta para Lívia, que pretende utilizar o curso para aguçar ainda mais sua sensibilidade com as desigualdades sociais do Brasil e do mundo. "Apesar de não ser um curso muito valorizado no Brasil, eu só quero seguir e aprender tudo sobre esse curso, pois ele me empolga e desperta o meu melhor lado, o lado que quer entender e cuidar do mundo e das pessoas", entusiasma-se. "Planejo fazer não apenas a graduação, mas também mestrado e doutorado. Eu acho que finalmente encontrei minha paixão, o curso que serei feliz apenas por fazer e aprender mais sobre como lutar pelo que eu acredito. É o que eu quero fazer, o que eu amo e me apaixono cada vez mais ao conhecer".
Kalyta pretende usar o curso técnico como estratégia para conseguir um emprego e, aí sim, ter condições de estudar o que realmente sonha. "No Pescar aprendi a palavra grega 'meraki', que significa 'colocar a alma em tudo que se faz'. Então, espero absorver do curso tudo de bom que ele tiver pra me ofertar, que faça eu me tornar uma ótima profissional. Que eu consiga ingressar no meio de trabalho de uma forma justa e digna, para conseguir me manter na minha futura faculdade de Psicologia", planeja.
Comunidade Jurídico-Trabalhista do Pescar
O Projeto Pescar da Comunidade Jurídico-Trabalhista é uma parceria da Fundação Projeto Pescar com várias instituições da Justiça do Trabalho. Além do MPT-RS, integram a parceria o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), a Seção Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS), a Escola Superior de Advocacia (ESA), a Caixa de Assistência dos Advogados do Estado (CAA/RS) e a Superintendência Regional do Trabalho (SRT/RS).
A iniciativa oferece formação socioprofissional gratuita a jovens entre 16 e 19 anos, e já foi finalista do Prêmio Innovare em 2021. Desde 2017, o curso de “Iniciação Profissional em Serviços Administrativos”, que possui cerca de 800 horas/aula, já formou 145 alunos. Neste ano, mais 31 jovens estão inscritos para as novas turmas, que terão início no final de fevereiro. Mais informações podem ser obtidas na página do Projeto Pescar do site do TRT-4 ou pelo e-mail projetopescar@trt4.jus.br.
Texto de Juliano Machado, Secom – TRT-4
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